segunda-feira, 8 de março de 2010

VIVER OU APENAS EXISTIR?

Eu sempre me questionei se, em determinado momento, eu estava vivendo ou existindo. Hoje, com meus poucos 17 anos, porém muito bem vividos, não consigo criar nenhum antagonismo entre existir e viver. Mas sei que são bem diferentes. Todavia, o fato de saber que são diferentes não me implica a entendê-los. E agora? Estou vivendo ou existindo? Realmente não sei. Lembro-me como se fosse ontem, ou até como se fosse há minutos, segundos atrás. Lembro-me como se fosse agora. Meu pai me chamara pra subir a Pedra do Sino e, mesmo sabendo que era o ponto culminante do estado do Rio de Janeiro e sendo eu um menino curioso (até demais), aceitei. Aceitei também com a intenção de nos aproximarmos um pouco mais. Súbito, joguei minhas roupas e meus acessórios na mochila e peguei meu casaco mais forte. Deixei a preguiça e fraqueza em casa. Juntei as forças, ânimo e fomos. Largara o mundo, e sabia que a partir daquele momento seria eu, meu pai e quilômetros de Mata Atlântica. Sentia-me bem e protegido, mesmo com os barulhos estranhos que vinham da mata. Juro que me sentia insatisfeito ao saber que oito quilômetros me separavam do percurso ao topo, porém a cada obstáculo que eu percorria, eu tirava um sorriso do bolso que com o reflexo do céu estrelado se fazia mais branco ainda, e esperava que meu pai concluisse: "Não estou tão feliz por estar aqui, mas estou feliz por estar contigo." Acho que ele conseguia decifrar e subestimar o meu sorriso, mas eu insistia. Insisti tanto que parei. Andar, andar, andar, andar.... Uma hora pra parada: hora de comer que por si, parecia mais sagrada do que a Ceia de Natal. Sentamos no gramado molhado de sereno sem pudor. Simplicidade é o que não faltava. Em meio a Mc Donald's, pão com salame e queijo e até pratos feitos, continuamos no mesmo hábito. Uma faca pra cada um, algumas maçãs e outras frutas. Saúde em simplicidade ou simplicidade em saúde? Te respondo em outro texto, talvez. Ah! Esqueci de constar no parágrafo de cima. Deixei a vergonha em casa também. Após horas de caminhada, chegamos ao tão desejado lugar: o topo. Nesse momento, estava no ponto mais alto do estado do Rio de Janeiro. Além das nuvens e das estrelas, não havia nada mais alto do que eu. Nunca me senti tão poderoso, e por alguns segundos, me dava vontade de ter asas e sair voando (utopia às vezes faz bem). Cinco da manhã. Frio. Muito frio. Eu e o meu pai nos sentamos ao lado de uma pedra e nos abraçamos no intuito de um aquecer o outro. Sentia-me abraçado pelo mundo e ao mesmo tempo sozinho nele. O que poderia me afetar? Acho que nada. Deitamos e focamos nossos olhos nas estrelas. Fizemos promessas, juramentos, pedidos, fomos pai e filho. Naquele momento o "verbo" existir literalmente não existia no meu vocabulário. Eu só queria viver, viver, viver...e vivia, vivia, vivia. Vivi intensamente o momento. O sol alaranjado nasceu dando o sinal que de deveríamos descer. Descer? Se pudesse ficava minha vida toda por lá. Lá eu só sabia viver, mais nada. Tirei foto da paisagem com os meus olhos, coloquei no porta-retrato da memória e fomos embora. Sete horas - chegamos. Mundo novo? Não. Mundo velho. Pernas cansadas, pés com bolhas, fôlego esgotado. Dever de casa, prova no dia seguinte, briga com a menina que você ama... Dá vontade de viver? Juro que não. Existo. O pior e engraçado é que quando você apenas existe, ou quer existir, você perde totalmente a vontade de viver, nada tem graça. Na vida é assim - você vive e existe a cada momento, ou até os dois ao mesmo tempo. É alto e baixo, quente e frio, preto e branco, direita e esquerda, são essas oscilações da vida que nos fazem viver ou simplesmente existir. Mesmo não conseguindo a todo tempo, prefiro viver. Pelo menos tento. E você? Vive por que existe ou existe por que vive? Acho que não basta existir, é preciso viver. E viver é muito mais...

9 comentários:

  1. Poucos têm o dom de tocar as pessoas com as palavras . Continue fazendo isso pelo bem que você vai longe, com certeza ! Parabéns pelo texto ..

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  2. LINDO DEMAIS! te amo muitooooo, coquinha

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  3. ficou lindo!
    escreveu muito bem, amei math :D

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  4. lindo demais! me identifiquei muito com vc, pra variar. fui pra pedra do sino com o meu pai também. realmente eu só vivia naquele momento, é uma sensação única, inexplicável. e assim eu procuro fazer sempre, existir porque vivo!!

    bj izabella

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  5. Adooooro seus textos!
    Me emocionam e fazem pensar! Continuo na torcida por um futuro livro! ahahhaha
    Beijo

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  6. é chatisse, até que você escreve bem né? ficou perfeito seu texto, me fez pensar na minha vida!
    Desse jeito você pode realmente publicar um livro, vai ser bom como seu avo :)
    Beijinhos

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  7. cada dia se superando em mlk,parabens o texto é ótimo,o melhor que eu li até agora,emocionante hahaha

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