domingo, 21 de fevereiro de 2010

O REAL SIGNIFICADO DAS ESTRELAS

Desde pequeno eu tinha a curiosidade de entender o real significado das estrelas. Realmente me encantava o fato de sequer um dia elas pararem de brilhar, mesmo sozinhas. Com tanta sede de entender alguma coisa, passei a admirá-las todas as noites. Eu me lembro como se fosse ontem. Tinha meus treze anos.Férias em Belo Horizonte. Meus avós, tios e primos na mesma casa, tudo completo e vazio ao mesmo tempo. Ao chegar à concepção de que eu ficaria trinta dias fora de casa, já sentia falta dos amigos e do meu dia a dia. Primeiro dia. Sol, pés descalços no chão quente da rua, barulho de buzina e pique esconde. Todo esse conjunto de coisas já me faziam esquecer o mundo que deixara. Aquele momento parecia a melhor coisa do mundo até que a minha mãe me chamasse pra almoçar. Abraço nos amigos, último chute na bola. Fazia cara emburrada por charme, porque tava morrendo de fome por dentro. Atravessamos a ponte e me dei conta de que eu havia esquecido de me despedir da menina dos sonhos de qualquer menino da praça. Então, pedi três minutos a minha mãe e fui correndo até lá. Mesmo sabendo que eu não tinha chance alguma, fiz a minha parte. Beijo na bochecha (não era o lugar desejado), abraço e enquanto olhava nos olhos dela, disse que voltaria à noite. Com um sorriso que ocupava a metade do meu rosto, pedi a ela que me esperasse. Pedido aceito. Sete minutos tinham se passado. Fui voltando pensativo.O que me importava não era o fato de eu ter extrapolado quatro minutos e consequentemente, a bronca da minha mãe. Era o fato da menina, que eu nem sabia o nome, ter aceitado me esperar por educação e não por vontade própria. Esse questionamento durou até que eu chegasse em casa. Nem precisava avisar que chegava, o barulho de porta emperrada já avisava por si próprio. Almoço devorado, barriga cheia. Já eram sete horas da noite e o céu começava a escurecer. Fui tomar banho. Usei a camisa mais bonita que eu tinha e roubei o perfume importado do meu primo. Saí do banho e, pela primeira vez no dia, fiquei confuso. As estrelas se mantinham presentes no céu, pedindo que eu as decifrassem. E a menina se mantinha presente no banco da praça (com vontade ou não) e é uma pena que eu não possa escrever aqui "pedindo que eu a beijasse". Fiquei na dúvida. Subestimei a menina e a mim mesmo e fiquei em casa. Era mais preferível observar as estrelas. Chamei meus primos e inclusive o meu avô para deitar no gramado gelado de sereno e observar o céu. Pedido aceito. Parecia que as estrelas através de seu brilho, sorriam por nós estarmos observando-as. E todos nós, por resposta espontânea, sorriamos também. Por pura curiosidade e por considerar o meu avô um herói, perguntei a ele o porquê das estrelas existirem já que não tinham nenhuma utilidade. Ele disse que também se perguntava. Por alguns segundos me senti incapaz, mas depois aceitei. Horas depois e as nuvens cobriram o céu estrelado. Fomos dormir. Essa prática de todas as noites observar as estrelas virou rotina pra todos nós. Nenhum dia sequer escapava. Novelas, dias de Big Brother, festas, compromissos eram trocados pelo simples fato de olhar pro céu. Último dia de férias. Última dia de felicidade. Uma das minhas primas, ao voltar de férias pra sua cidade, sofreu um acidente de carro e por fim, morreu. Acho que morreu uma parte de mim também. Silêncio na casa. Resolvi observar as estrelas. Por algum momento me senti perto da minha prima e dos meus amigos de Teresópolis. Eu via coisas que ,mesmo sozinhas e em meio à escuridão, conseguiam brilhar. Voltei pra casa sem muitas histórias pra contar e sem beijo da menina que eu sonhava. Mas uma coisa valeu a pena. Eu, de uma forma minha de entender as coisas, consegui decifrar o significado das estrelas. Elas conseguiam trazer as pessoas pelas quais eu sentia falta e ainda sinto. Conseguem fazer com que eu não me sinta sozinho. Uma coisa me confortava e me conforta até hoje: se eu chorar por qualquer coisa, ou até mesmo pela saudade, as lágrimas poderão me impedir de ver as estrelas...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A SIMPLICIDADE É INVISÍVEL AOS OLHOS



Já era mais ou menos uma hora da tarde. Eu, como sempre, dava graças a Deus por mais um dia de sexto tempo e aula à tarde ter acabado. Por mais que a vontade de ir pra casa tomasse conta de mim, eu conseguia ficar desanimado pelo fato de ter que esperar o ônibus por mais de uma hora. Um dia de chuva. Olhei pros lados, ninguém conhecido ao redor. Então, decidi ir à barraca do Zé e comprar bala pra me entrenter durante o percurso. Sem guarda-chuva e muito menos sem vaidade, deixava os pingos de chuva cairem no rosto. As bainhas mal feitas da minha calça jeans, ao se molharem, refrescavam as minhas pernas. Sentia-me bem e ao sentir todas essas sensações e perceber os detalhes que se mantiam presentes na rua, cinquenta minutos passaram como segundos. Via um ponto verde a uns trinta metros de distância. Só podia ser o meu ônibus, porque o único que servia pra mim era o verde. Arrumei as minhas coisas, me levantei do meio fio, peguei meu cartão e entrei no ônibus. Senti-me mais entusiasmado, agora não era o tempo e a distância que me afastavam de casa. Era só a distância. Passei o cartão, mas estava sem crédito. Por alguns milésimos de segundo, reclamei comigo mesmo da minha timidez e olhei pra trás pra ver a reação das pessoas em razão da fila estar parada. Tirei do bolso e dei o dinheiro à cobradora que me retribuiu com um sorriso amarelo. Ônibus lotado, porém um assento disponível. Fiquei assustado porque à medida que eu me aproximava do assento ele continuava vazio e, quando eu me aproximei totalmente, conclui o fato. Tinha um mendigo com uma aparência péssima, mas com um sorriso aberto. Sentei e com vergonha ou até nojo, fiquei reparando o meu tênis molhado de chuva até que ele me perguntasse o porquê de eu ser tão corajoso de sentar do lado dele. Respondi, com sinceridade, que estava com muita vontade de sentar e que não via problema algum em ficar ao lado dele. Eu o via como uma pessoa normal, e era. Em razão da chuva, as janelas do ônibus permaneciam fechadas e o ar circulava cada vez menos. Assim, o cheiro ficava pior. Eu juro que me deu vontade de levantar e por mais educado que eu poderia ser, não conseguia parar de escutar as coisas que ele contava. O que realmente me interessava era a felicidade e a simplicidade que ele contava as suas histórias ruins. Passava fome, devia dinheiro, vendia jujuba na rua, tinha 5 filhos pra criar, mas podia-se ver nos olhos dele que era feliz. Depois de muita conversa e de muitas perguntas minhas (tentava ao todo tempo entender o motivo da felicidade), ele levantou uns 3 pontos antes do meu e começou a "tentar" vender jujuba dentro do ônibus (que com uma essência de eucalipito ficaria uma sauna ideal). Nenhuma jujuba vendida. Sorriso no rosto e sinal pra descer. Abanei as mãos fazendo sentido de que eu iria comprar as jujubas que custavam um real. Pedido rejeitado. Lá se foi ele com lucro zero, despesa da passagem e um "amigo de ônibus". Sem ninguém pra conversar, fui pro assento da janela e mergulhei nos meus questionamentos. Questionava-me o porquê de eu, mesmo com problemas que pra mim eram grandes e que em relação aos outros eram pequenos, não conseguia ao menos dar um sorriso. Qual era a fórmula que o cara usava? Ou era apenas fingimento? Não sei. Resmunguei e fiz sinal pra descer do ônibus. Desci e com a mesma falta de vaidade de antes deixei os pingos de chuva baterem no rosto. Quando peguei a chave, senti algo estranho dentro do bolso do casaco. Era uma jujuba idêntica ao que o simples mendigo vendia. Passei a ver aquele dia chuvoso como um dia de sol e como aquela jujuba foi parar no meu bolso? Eu realmente não sei. Só sei que eu tive um olhar diferente pras coisas e que a simplicidade é invisível aos olhos. Pelo menos aos meus.


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

UM POUCO DE MIM


Meu nome é Matheus, sou por dentro uma personalidade minha e por fora um conceito seu, exatamente isso. Tenho gênio forte e por isso é difícil me descrever, fazer com que palavras definam quem eu sou, ou deixo de ser. Acho que eu sou como qualquer um, com alguns defeitos, porém repleto de grandes qualidades. Tenho ideais firmes. É quase impossível me convencer que eu estou errado, mesmo que esteja. Não tenho juízo, muito menos sei cuidar de mim, mas tenho sorte. Dou valor às coisas simples da vida. Odeio injustiça, hipocrisia, utopia, personalidade fraca, falsidade e quem vulgariza o verbo amar. Posso ser constante, inconstante, ou até mesmo os dois ao mesmo tempo. Sou do tipo de pessoa que gosta de sorrir até mesmo pros inimigos. Nunca espero que o mundo conspire ao meu favor e não tenho medo de recomeçar. Sou muito brincalhão, amo rir, contar piada sem graça (perco o amigo, mas não perco a piada) e principalmente implicar, por isso algumas vezes posso ser chato.
Acho que é pela necessidade de ver as pessoas felizes. Gosto de fazer as pessoas bem e não peço nada em troca. Sou vascaíno. Amo esporte e qualquer coisa relacionada à natureza. Algumas pessoas me acham grosso. Não é isso. É que eu sou muito tímido e sempre vou esperar você falar comigo primeiro. Quando pego intimidade, um abraço. Não sei qual faculdade quero ainda, acho que é porque eu gosto de tudo um pouco. Se você tiver ideia de algum curso fácil, que dê dinheiro e que dure 3 semanas, me manda por recado.
Aprendi que aceitar o passado e os propósitos da vida que não podemos mudar e deixá-lo para trás é inevitável. Cada dia é um novo começo, e disso não dá pra fugir. Amo os meus amigos e valorizo muito a amizade. Tenho plena consciência de que sem eles eu não seria tudo, seria nada. Vivo no conflito amizade VS decepção, mesmo que pareça estranho, em alguns casos a decepção é a vencedora. Vale lembrar que decepção não mata, ensina a viver. Isso tudo pode ser pelo simples fato de eu construir pequenos sonhos em cima dos meus grandes amigos e depois perceber que eles sim eram pequenos, e os sonhos grandes demais. Pode ser também que seja por minha culpa, mas prefiro não pensar nessa possibilidade. Posso e devo me considerar uma pessoa feliz, e ter consciência dessa felicidade me fortalece a cada momento. Sempre aceito, confio, entrego, agradeço e quando não tenho, invento razões pra ser feliz. Sou de bem com a vida, de bem comigo, de bem com o mundo e uso o meu sorriso como escudo e espada. Quem se define se limita? Acho que não.

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